quinta-feira, 11 de julho de 2013

Depoimento

CURA GAY, SOU VOLUNTÁRIO (Luis Lobianco)
Ando pensando em me oferecer como voluntário para o que talvez seja um dos avanços mais extraordinários da medicina nos últimos tempos: a cura gay. Para os desavisados, esta tem sido a grande empreitada do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que presidiu a sessão que aprova, pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a regeneração de indivíduos homoafetivos. Proposta de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO). Sim, é bastante importante a gente saber o nome desses evangélicos que pensam em gays o tempo inteiro. Até então, eu achava que quem pensa tão intensamente em gays era outro gay. Enfim, os tempos mudaram.
Suspeito que os heróis dessa causa, os nobres deputados com masculinidade bastante vulnerável para tanta bravata contra homossexuais, também se submeterão aos novos tratamentos. Vamos comigo, Feliciano, Malafaia e Bolsonaro? Mas, antes, gostaria de tirar algumas dúvidas sobre os procedimentos que serão adotados. Será feito algum tipo de gaysonância magnética para detectar pontos de maior concentração de pinta no organismo ou no toque já há um diagnóstico? Exemplo: se um médico viril segurar de jeito a nuca do Feliciano e ele se arrepiar, já é caso para tratamento? Teremos clínicas e hospitais especializados? Uma Anusclin? Um LesbD’Or? Travamed? E os planos de saúde? Terão período de carência? Acho injusto. Gays já são carentes muitas vezes. Sobre medicamentos, imagino que Feliciano proibirá qualquer tipo de supositório ou injeções na região do glúteo. Proponho uns “patches”… digo, adesivos. “Patch” soa muito gay. Exercícios talvez sejam fundamentais. O movimento de passar cartão e digitar senha nos cultos de Feliciano, além de queimar calorias, garante um certificado divino de heterossexualidade.
Pena que os tratamentos chegam tão tarde. Conheci pessoas que teriam marcado uma geração e quebrado paradigmas, mas eram gays, coitados. Hoje, seriam heterossexuais saudáveis e notáveis: Cássia Eller, Cazuza, Michael Jackson, Gianni Versace. Na primeira metade do século passado, apareceu na Alemanha um cara de bigode com ideias semelhantes às do pastor Feliciano para os gays e fico pensando se não estamos indo na mesma direção. Será que essa tão produtiva e bem intencionada bancada irá propor outros projetos como a Cura Negra, o Apartheid em Cristo e o Holocausto Ungido? Obviamente, tudo em respeito aos direitos humanos.
A cura Gay aparece em tempos de mudanças. O preço da passagem mudou. A carga horário do Ministério Público mudou. Renan, Dirceu, Genoino, Lula e cia. mudam as regras do jogo o tempo todo. Por isso, eu e meus amigos vamos tentar mudar alguma coisa também. Vestindo branco, vamos pra rua encontrar mais milhares com uma rosa na mão e um #sóquenão no coração.
Luis Lobianco

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